sexta-feira, 20 de agosto de 2010

OBAMA E OS AMERICANOS


Acentua-se o ódio da direita americana a Barack Obama. O Partido Republicano, com Sarah Palin à cabeça, considera Obama "elitista", "maoista" e mesmo "nazi". Apelidam-no de "racista" e de "muçulmano". Acusam-no de "não ser americano". Em Mason City aparecem cartazes com Hitler, Obama (o democrata-socialista) e Lenine. A cadeia de televisão Fox News, animada por Glenn Beck, uma personagem sinistra, lança as mais torpes invectivas sobre o presidente. O pastor protestante Steven Anderson exclamou no fim de um sermão: "Quando me for deitar, esta noite, rezarei para que Barack Obama morra e que vá para o inferno. " Lutero ou Calvino não diriam melhor! 

Os cartazes "Impeach Obama" estão por toda a parte e circula online, recolhendo assinaturas, uma petição dirigida ao Congresso a pedir o "impeachment". É sabido que, à excepção de uma pequena minoria, o povo americano é dos mais estúpidos e ignorantes do mundo. Por isso, esta campanha contra o presidente democraticamente eleito encontra apoio e compreensão em milhões de americanos, com excepção dos negros, por razões óbvias. Receia-se mesmo seriamente um atentado contra Obama.

Têm os americanos apenas dois séculos de controversa e acidentada história, em que progressivamente se envolveram em todos os assuntos do mundo, sempre com resultados catastróficos para os outros. Herdaram dos ingleses, seus antepassados, o muito que havia de mau, e não absorveram o pouco que havia de bom. Uma tragédia planetária, a partir do momento em que entenderam que lhes cabia o lugar de super-potência mundial.

Quando se fala da direita americana e do Partido Republicano, estamos de facto a referir-nos à extrema-direita, já que de direita (em termos europeus) é também o Partido Democrata. E ambos são culpados de imensos crimes contra a humanidade como, para citar só um, o lançamento das bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui. Mas poderíamos recordar também, mais recentemente, as guerras loucas do Afeganistão e do Iraque, depois da tragédia do Vietname.

Num país que confunde Deus com o dinheiro, veja-se a divisa da nota de um dólar "In God We Trust", ou talvez "In Gold We Trust", e percebe-se melhor a génese dos Estados Unidos. A aprovação dos cuidados de saúde para toda da população contribuiu para o aumento do ódio do grande capital contra Obama. Ele é "um presidente diferente, o primeiro presidente pós-americano", como disse John Bolton, a besta do ex-embaixador de George W. Bush na ONU. De facto, o conservadorismo norte-americano, que se inquieta com o aumento proporcional da população negra ou latino-americana, em detrimento dos WASP, os brancos, anglo-saxões e protestantes, não hesitará em utilizar todas as armas contra Barack Obama.

Supôs-se que, depois do pesadelo Bush, os americanos, ao elegerem Obama, tivessem aprendido alguma coisa. Mas esta campanha faz recear o pior. Assusta-se a chamada comunidade internacional com o facto do Irão vir a possuir a bomba nuclear. O verdadeiro perigo reside na circunstância de os Estados Unidos, que já a utilizaram (foram os únicos), serem os proprietários do maior arsenal nuclear do mundo.


Sobre esta matéria, simultaneamente estimulante e perigosa, leia-se Over the Cliff: How Obama's Election Drove the American Right Insane, de John Amato e David Neiwert (PoliPointPress, 2010). E aguarde-se a publicação, para o princípio de 2011, de The Obama Haters: Behind the Right-Wing Campaign of Lies, Innuendo & Racism, de John Wright (Potomac Books).

1 comentário:

Anónimo disse...

Bravo Os americanos são um horror, só fazem estragos por onde passam. Veja-se agora o Iraque em que estado vai ficar.